sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Choro

Não há mais tempo a perder
nem palavras a serem lançadas ao vento,
irresponsavelmente ditas para machucar.
O tempo é cruel e mostra suas garras aos poucos,
matando lentamente aquilo que conquistamos com sacrifícios.
O tempo mata, as palavras malditas matam com crueldade.
Não sei o que é pior neste momento.

Há ruídos na noite,
sinais de vida junto a nós,
o tique-taque do tempo passando,
a água acordando o rosto cansado.
Um cão passeia sozinho na madrugada úmida.
Como ele, tento conseguir um abrigo
nesta tempestade sem tréguas.
Não há abrigos para os fracos.
Sinto-me fraco e o tempo passa;
o tempo é implacável com os arruinados.

Choro sentado num canto da sala.
Choro por mim e pelo cão vadio.


Maio 2002

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